Pensamentos (II)

Deambulando perdido pela solidão da vida deparo-me com o simples facto que os nossos sonhos tão facilmente se constroem como se destroem....
Perante este obstáculo inultrapassável penso em desistir, deixar para trás tudo pelo qual tanto lutei e tanto me esforçei... tomando assim o caminho mais fácil....
Desta maneira não terei problemas em falhar, pois não tentando, não falharei... A verdade é que este caminho, sendo o mais fácil de tomar, é o mais difícil de sair..
Sinto-me cansado de lutar contra fantasmas passados, contra sombras que me encobrem quando tento dormir, contra obstáculos invisiveis dos quais nem me consigo desviar... nada disso criado por mim mas que constantemente reapareçe na minha vida... é muito difícil assim.....
Rostos escondidos que vejo quando olho para um espelho, cuja identidade se torna difusa com o passar do tempo....
Sentimentos recalcados pelas circunstâncias da vida que ultrapassam a barreira do insconsciente e se tornam tão reais como os sentidos em momentos já perdidos no tempo....
Alucinações confusas de um mundo sonhado que descamba mesmo em frente dos meus olhos ficando apenas os escombros impossíveis de qualquer recuperação....
Decisões tomadas no passado que ainda hoje me perseguem por todos os becos e ruelas para as quais fujo....
Na verdade a inconsiencia na vida acaba por nos tornar conscientes de tudo quanto ela estragou... cada passado perdido mostra-nos um futuro por achar... cada tristeza sentida arrasta-nos para uma ausência de alegrias vividas...
No fim de contas, apenas somos um grão de pó embalado pelas disposições do vento. A repercussão final de cada acto, sentimento, julgamento, pensamento limitar-se-à a ser... nada, um grande nada que no futuro nunca existiu!
Fecho os olhos por um momento e esse momento passou.... o dinheiro, de nada me servirá nessa hora, e porquê? Porque já não será meu...
Ao fim de contas ninguém ganhou, todos nós perdemos... não há campeões, apenas derrotados... e o vento... o vento aí continua, a roubar-nos tudo... deixando-nos com... nada... no final roubar-me-á a mim, deixando-me.... no nada